domingo, 4 de setembro de 2011

Para se lembrar de mim [ ... ]

Quando minha hora chegar, não tente introduzir vida artificial no meu corpo pelo uso de uma máquina. Em vez disso, dê minha vista para um homem que nunca viu um nascer do sol, um rosto de bebê ou o amor nos olhos de uma mulher. Dê meu coração a uma pessoa que o próprio coração causou nada mais que intermináveis dias de dor. Dê meus rins para alguém que depende de uma máquina para existir de semana a semana. Pegue meu sangue, meus ossos, cada músculo e nervo no meu corpo e ache um jeito de fazer uma criança aleijada andar.

Explore cada canto do meu cérebro. Pegue minhas células, se necessário, e deixe-as crescer até que, algum dia, um menino mudo seja capaz de gritar assim que seu time marcar um gol e uma menina surda de ouvir o som da chuva contra a sua janela.

Queime o que sobrar de mim e espalhe as cinzas nos ventos para ajudar as flores a crescer.

Se você realmente quer enterrar alguma coisa, deixe que seja meus erros, minhas fraquezas, e todo prejuízo contra os meus semelhantes.

Dê meus pecados para o Diabo. Dê minha alma para Deus.

Se você quiser se lembrar de mim, faça isso com um bondoso gesto de palavra para alguém que precise de você. Se você fizer tudo que eu pedi, eu viverei para sempre.


([Do texto original em inglês: "My Will" de Robert N. In: To Remember Me.
Cincinatti Post, 1982] . Este belíssimo texto nos foi apresentado por Edlúcia Fernandes de Souza, professora de Lingua Inglesa I do Curso de Letras FIP, a quem agradeço muito e dedico-o).

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